domingo, 28 de novembro de 2010
Centro Educacional Fenix- Campo Grande- MS
"A Arte é um dos instrumentos mais forte da comunicação. Ela tem o poder de tocar os corações e mudar as mentes. O ser humano sempre sentiu necessidades de expressar seus sentimentos, interpretar sua realidade e sua celebração pela vida. Observando e entendendo o que esta a nossa volta desde que o mundo foi criado. A Arte, a cultura, a comunicação e a educação caminham juntas e a cada vez que abrimos nossas mentes para algo novo nos permitimos aprender aumentando nosso conhecimento e enriquecendo nossas opiniões. As gerações passam, a arte e a cultura permanecem e continuam a interpretar e celebrar a cultura dos povos, as belezas do planeta Terra e o mistério da vida"
Estou muito feliz em saber que a minha arte tenha inspirado tantas mentes a fazer um trabalho tão importante. Quero parabenizar os educadores responsáveis por essa idéia feliz e original, essencial para a construção intelectual e sensitiva do aluno. Vivemos num mundo em plena mudança, e a educação tem um papel indispensável nesse processo de nova consciência ecológica e social. Uma realidade que pertence a todas as crianças e adolescentes que agora estão se construindo como cidadãos desse novo mundo que precisa de muito cuidado para o futuro. Nosso país é rico culturalmente e dono de exuberante natureza, somos todos guardiões da Amazônia e temos o dever e a responsabilidade de preservar esse tesouro que pertence a nós. O Brasil é um país onde a arte é o nosso dia a dia. Somos as cores e formas da natureza, e tudo isso faz parte de nós.
Foi com muita alegria que soube dos resultados dos trabalhos artísticos lindos e criativos realizados por vocês. A arte e a cultura têm o papel importante de interpretar o mundo a nossa volta e vocês realizaram trabalhos muito ricos em detalhes, cores e formas, onde pude sentir a leitura da essência da minha arte nos trabalhos interpretados pelos alunos.
São iniciativas como estas que ajudam a preservar e incentivar a cultura do nosso país a ficar cada vez mais forte e conhecida. O maior objetivo do meu trabalho com arte sempre foi usar-la como um veículo que ajude a preservar o meio ambiente, nossa conexão com planeta e o bem estar entre as culturas. Há beleza em tudo e todos a nossa volta, a arte tem o poder de interpretação infinita. As crianças são o nosso amanhã e despertar a arte através da educação, é com certeza um dos caminhos mais efetivos para a construção dos novos seres humanos que vão cuidar do nosso planeta no futuro, um futuro que deve ser construído agora.
Todos nós de alguma maneira possuímos arte em nosso interior, que pode se manifestar de várias formas, e expressá-la é a maneira mais autêntica de encontrar nossa própria opinião e assim construir nossa própria visão do mundo. Nunca se esqueçam de alimentar e acreditar nos seus sonhos e sempre lembrar que temos uma capacidade maravilhosa de criar um mundo melhor. Muito obrigada por todo esse carinho, vocês fazem parte da minha história e para sempre irei me lembrar com muito carinho de vocês, educadores e alunos que estão construindo um Brasil mais feliz e colorido. Parabéns pelo lindo trabalho.
Agradecimentos especias a professora Debora e aos alunos da 5º e da 6º serie que participaram desse projeto, Caio, Gabrielly, Karisthon, Larissa, Maryane, Nathalia, Renan, Ryan eThalita.
Um grande abraço
Ana Mendina
Estou muito feliz em saber que a minha arte tenha inspirado tantas mentes a fazer um trabalho tão importante. Quero parabenizar os educadores responsáveis por essa idéia feliz e original, essencial para a construção intelectual e sensitiva do aluno. Vivemos num mundo em plena mudança, e a educação tem um papel indispensável nesse processo de nova consciência ecológica e social. Uma realidade que pertence a todas as crianças e adolescentes que agora estão se construindo como cidadãos desse novo mundo que precisa de muito cuidado para o futuro. Nosso país é rico culturalmente e dono de exuberante natureza, somos todos guardiões da Amazônia e temos o dever e a responsabilidade de preservar esse tesouro que pertence a nós. O Brasil é um país onde a arte é o nosso dia a dia. Somos as cores e formas da natureza, e tudo isso faz parte de nós.
Foi com muita alegria que soube dos resultados dos trabalhos artísticos lindos e criativos realizados por vocês. A arte e a cultura têm o papel importante de interpretar o mundo a nossa volta e vocês realizaram trabalhos muito ricos em detalhes, cores e formas, onde pude sentir a leitura da essência da minha arte nos trabalhos interpretados pelos alunos.
São iniciativas como estas que ajudam a preservar e incentivar a cultura do nosso país a ficar cada vez mais forte e conhecida. O maior objetivo do meu trabalho com arte sempre foi usar-la como um veículo que ajude a preservar o meio ambiente, nossa conexão com planeta e o bem estar entre as culturas. Há beleza em tudo e todos a nossa volta, a arte tem o poder de interpretação infinita. As crianças são o nosso amanhã e despertar a arte através da educação, é com certeza um dos caminhos mais efetivos para a construção dos novos seres humanos que vão cuidar do nosso planeta no futuro, um futuro que deve ser construído agora.
Todos nós de alguma maneira possuímos arte em nosso interior, que pode se manifestar de várias formas, e expressá-la é a maneira mais autêntica de encontrar nossa própria opinião e assim construir nossa própria visão do mundo. Nunca se esqueçam de alimentar e acreditar nos seus sonhos e sempre lembrar que temos uma capacidade maravilhosa de criar um mundo melhor. Muito obrigada por todo esse carinho, vocês fazem parte da minha história e para sempre irei me lembrar com muito carinho de vocês, educadores e alunos que estão construindo um Brasil mais feliz e colorido. Parabéns pelo lindo trabalho.
Agradecimentos especias a professora Debora e aos alunos da 5º e da 6º serie que participaram desse projeto, Caio, Gabrielly, Karisthon, Larissa, Maryane, Nathalia, Renan, Ryan eThalita.
Um grande abraço
Ana Mendina
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A Arte da Amazônia em terras Maori. Exposição Brazilis de Ana Mendina.
Texto: Roberta Cruz
Jornalista
Viver em Roraima é ser um braço forte da Amazônia no extremo Norte do Brasil. É poder acariciar o vento com a liberdade de um cavalo selvagem, é saber mergulhar num delicado rio observando com prazer a mudança das duas estações: inverno e verão. Crescer com a noção da importância da natureza, que ensina o valor do homem na exatidão da consciência na busca pelo destino na experiência do cotidiano. Roraima é bem vinda tanto na lembrança como na firme saudade, porque esteja onde estivermos sua lembrança é o porto seguro que nos oferece força e energia para continuar acreditando nos passos dados em conformidade com os desejos, na busca da realização, não pelo poder do ouro ou da ganância, mas principalmente pelos nossos melhores sonhos.
É nessa atmosfera estimulante que Ana Medina viveu sua infância, ouvindo diversas lendas, deitando-se ao luar, criando laços verdadeiros de amizade e claro se sensibilizando pela cultura e riquezas da região. Desde muito nova aprendeu a mergulhar num igarapé, a diferenciar os peixes, vislumbrar variedades de flores e a fauna e a se sensibilizar pelos índios que compõem a nossa importante identidade antropológica.
Foi nesse caminho saudável, que a pintora expressou com o desenho sua relação de amor por nossa terra. A Pintura, iniciada como brincadeira de criança, desenvolveu ares maiores, buscando a artista conhecimentos em outras partes do mundo. Assim como universal é a arte, Mendina viajou por várias partes desse planeta, desenvolvendo técnicas e amadurecendo seu talento, tornando-se hoje um dos principais nomes das artes plásticas do Estado de Roraima.
Ana Lucia Mendina participou de cursos de fotografia e escultura na Universidade da Costa Rica, e estudou artes no TAFE, Instituto de Educação Australiano em Sidney. Através desses cursos evoluiu seu trabalho sobre a Amazônia, os índios brasileiros e aborígenas australianos. E com anos de dedicação a arte, Nalu leva pela primeira vez a Nova Zelândia sua exposição intitulada Brazilis, e oferece ao público o que há de mais autêntico da artista sobre nossa brasilidade e a visão antropológica da realidade amazônica .
Assim, com essa exposição Ana consolida seu reconhecimento no Brasil e abre as portas de seu trabalho para o mundo. Entendendo ser sua arte a proposta do belo sobre a reflexão dos valores primitivos do homem.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
segunda-feira, 5 de abril de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Entrevista Ana Mendina por Ellen Krohn
Como aconteceu a fusão de sua arte plástica com os motivos indígenas?
Acho que o fato de ter crescido em Roraima, tão perto de várias culturas indígenas e contato com a natureza tenha influenciado no nascimento do meu trabalho e então o casamento foi natural e o interesse pelo o assunto foi crescendo com o tempo. Quando tinha 18 anos fui morar na Australia onde estudei Artes plásticas e tive a oportunidade de conhecer mais de perto a arte primitiva e iconográfica aborígene e fiquei encantada com a riqueza artística daqueles povos, assim como a cultura dos maoris da Nova Zelândia. Foi então que comecei a pesquisar sobre as etnias indígenas brasileiras, em especial as da Amazônia e todo seu tesouro artístico, antropológico e iconográfico que são fontes inesgotáveis de pesquisa e inspiração essenciais em meu trabalho.
Como você percebe seu trabalho frente à inspiração indígena?
A celebração da vida na Floresta manifestada através da arte e da cultura indígena brasileira e mundial me fascina. A beleza do artesanato indígena e da linguagem iconográfica. Assim como as crenças e mistérios da sabedoria milenar dos povos da floresta, ajudam na preservação da conexão entre o homem, a natureza e o espírito. A Arte indígena é muito rica em conhecimento ancestral, que deve ser respeitado e preservado para que as futuras gerações possam manter viva sua cultura. Todo esse universo tem sido fonte inesgotável de inspiração e tento fazer da arte um veículo pelo qual as diversas culturas indígenas possam ser conhecidas e apreciadas. Os povos da floresta precisam de reconhecimento e respeito e de parceiros não-índios que os ajudem a preservar sua cultura. A arte pode ser um instrumento valioso nessa caminhada, registrando e fortalecendo sua história. Isso tudo constrói o propósito da minha arte. A estética antropológica da floresta e seus povos, junto às várias formas de arte, reveladas em pura inspiração.
Como foi seu contato com a arte Yanomami, Wai Wai e Macuxi?
Sou fascinada por artesanato indígena e desde o início da minha pesquisa de criação venho coletando artesanato indígena de Roraima, e através dele é possível observar algumas nuances da arte indígena como iconografia, cores, texturas e simbologia. A partir daí começa o processo de estudo das minhas criações. Também tive a honra de conhecer algumas comunidades indígenas e seus representantes e sempre que posso compro o artesanato diretamente com a comunidade, o que torna a peça ainda mais especial. O artesanato Wai Wai é muito rico em cores e iconografias, e delicadamente produzido pelas mãos talentosas desse povo. Os macuxis com suas peculiares e autênticas panelas de barro e lindos trabalhos tramados em fibras, artesanato que hoje mais sofre com a influência da arte dos brancos pela proximidade das comunidades com a cidade e de terem sidos os mais prejudicados com a colonização do estado de Roraima a tempos atrás.
Os yanomami, em especial tem sido de grande inspiração e fonte de conhecimento, foi com muita honra que conheci o líder e xamã Yanomami Davi Kopenawa que gentilmente aceitou minha humilde homenagem prestada à sua cultura na exposição “Pra sempre Amazônia” que aconteceu em julho desse ano na cidade de Boa Vista e foram especialmente convidados a apresentar seu artesanato, música e dança e a nomear os 23 quadros que produzi na língua Yanomami, interpretados e traduzidos do yanomami para o português pelo professor Dario Vitorio Kopenawa Yanomami, tornando as obras ainda mais originais e autênticas. Essa conexão entre Arte, Antropologia e Linguagem, resultou em um amplo trabalho onde pude retratar um pouco da magia da cultura indígena do extremo norte da Amazônia tão pouco conhecida. È também muito importante construir uma relação de respeito com as diversidades culturais indígenas e suas peculiaridades, para que a troca seja justa e duradoura e que possa construir um trabalho que retrate a verdadeira essência de cada etnia indígena. Isso é um pouco da percepção que tenho da arte indígena, devidamente autorizada pela etnia pesquisada e com total acesso ao trabalho artístico produzido pelo artista sobre sua cultura. Roraima é lar de vários povos indígenas que possuem culturas distintas, dentre eles estão os Yanomami com diferentes subgrupos linguísticos (Yanomae,yanomama,Yanomamo, Ninan, Sanöma, Ywari ) .
Assim como os de tronco Karib: Yekuana( Maiongong), Taurepang(Pemon), Macuxi, Monoiko, Patamona, Ingaricó, Wai Wai, Waimiri Atroari, além de outros grupos que são pouco conhecidos ou quase extintos como os Jarikuna e os Sapara. Ainda existem outros grupos que são isolados como os Hixkanana e os Farakaiuna. Um riquíssimo legado cultural, artístico, histórico e antropológico da Amazônia.
Como foi a concepção da exposição no Memorial dos Povos Indígenas?
Durante uma visita ao Memorial fiquei feliz com a coincidência de que o renomado arquiteto Niemayer ter usado como referência e inspiração a “oca Yanomami” na concepção de sua obra. Percebi então que seria uma boa oportunidade para trazer a exposição “Pra Sempre Amazônia” para o Memorial.
Então entramos em contato com a direção mandando uma carta apresentando a proposta da exposição que foi recebida com muito carinho pelo Memorial. É de extrema importância para a cultura indígena brasileira que artistas de várias áreas possam ajudar no fortalecimento dessa causa tão importante para todos.
E o convite então se estendeu a Davi Kopenawa que compareceu a abertura da exposição, representando seu povo, assim como o artesão macuxi Terêncio Raposo que expôs sua produção artesanal de panelas de barro ancestrais que realiza junto á sua esposa Lidia Raposo.
Também contou com as participações do fotógrafo Jorge Macedo (ensaio fotográfico Yanomami), a fotógrafa Andrezza Mariot (ensaio fotográfico sobre a produção das panelas de barro macuxi e documentário sobre o mesmo), o escultor Jamaika e o eco designer Irmânio Magalhães, todos com trabalhos realizados sobre a ampla cultura indígena roraimense.
E sobre a fusão de suas telas com objetos indígenas?
Texturas, matéria-prima, cores, formas do artesanato junto a símbolos ancestrais da Iconografia encontrada nos artefatos indígenas, são indispensáveis em meu processo de criação que muitas vezes não passa de uma releitura da arte já existente, nada mais é do que a pura realidade indígena. A interação com a floresta, o xamanismo, tudo isso influencia minha criação, tentando captar e transcrever um pouco da magia da cultura indígena através das artes plásticas.
Nesse trabalho em especial, explorei a visão xamânica e simbólica da iconografia, junto à consciência do homem branco em relação à cultura dos povos da floresta, os animais e a natureza. Para nos lembrar que estamos conectados e todos somos responsáveis pelo bem estar do planeta.
E sobre os outros artistas que você reuniu nessa exposição?
Achei interessante reunir artesões indígenas e outros artistas que tivessem algum trabalho realizado sobre o assunto. Documentário, fotografia, escultura e artesanato indígena complementaram a mostra junto a presença do líder Davi Kopenawa que nos prestigiou com sua energia, representando o povo Yanomami e conhecendo o Memorial. Fiquei muito feliz com o resultado do trabalho.
Houve alguma outra percepção a respeito de seu trabalho e do espaço moderno que constitui o Memorial?
O espaço é fantástico e fomos muito bem recebidos pelo diretor do Memorial Marcos Terena. È muito importante para as sociedades indígenas e não-indígenas que tenham acesso a arte indígena brasileira e todo seu contexto. O Memorial dos Povos Indígenas possui um espaço adequado e mantém um acervo do artesanato indígena de várias partes do Brasil que é muito importante para a preservação da cultura, costumes e historia dos povos da floresta. Espero que o acervo continue crescendo e que o memorial possa continuar promovendo eventos que exponham diferentes visões sobre o assunto. Para que todos possam apreciar as belezas infinitas que os povos da floresta possuem e aprender com eles a fazer do mundo um lugar mais feliz. Acredito que a arte é um instrumento importante e de muita ajuda nesse processo. Parabéns ao Memorial e a toda sua equipe.
Acho que o fato de ter crescido em Roraima, tão perto de várias culturas indígenas e contato com a natureza tenha influenciado no nascimento do meu trabalho e então o casamento foi natural e o interesse pelo o assunto foi crescendo com o tempo. Quando tinha 18 anos fui morar na Australia onde estudei Artes plásticas e tive a oportunidade de conhecer mais de perto a arte primitiva e iconográfica aborígene e fiquei encantada com a riqueza artística daqueles povos, assim como a cultura dos maoris da Nova Zelândia. Foi então que comecei a pesquisar sobre as etnias indígenas brasileiras, em especial as da Amazônia e todo seu tesouro artístico, antropológico e iconográfico que são fontes inesgotáveis de pesquisa e inspiração essenciais em meu trabalho.
Como você percebe seu trabalho frente à inspiração indígena?
A celebração da vida na Floresta manifestada através da arte e da cultura indígena brasileira e mundial me fascina. A beleza do artesanato indígena e da linguagem iconográfica. Assim como as crenças e mistérios da sabedoria milenar dos povos da floresta, ajudam na preservação da conexão entre o homem, a natureza e o espírito. A Arte indígena é muito rica em conhecimento ancestral, que deve ser respeitado e preservado para que as futuras gerações possam manter viva sua cultura. Todo esse universo tem sido fonte inesgotável de inspiração e tento fazer da arte um veículo pelo qual as diversas culturas indígenas possam ser conhecidas e apreciadas. Os povos da floresta precisam de reconhecimento e respeito e de parceiros não-índios que os ajudem a preservar sua cultura. A arte pode ser um instrumento valioso nessa caminhada, registrando e fortalecendo sua história. Isso tudo constrói o propósito da minha arte. A estética antropológica da floresta e seus povos, junto às várias formas de arte, reveladas em pura inspiração.
Como foi seu contato com a arte Yanomami, Wai Wai e Macuxi?
Sou fascinada por artesanato indígena e desde o início da minha pesquisa de criação venho coletando artesanato indígena de Roraima, e através dele é possível observar algumas nuances da arte indígena como iconografia, cores, texturas e simbologia. A partir daí começa o processo de estudo das minhas criações. Também tive a honra de conhecer algumas comunidades indígenas e seus representantes e sempre que posso compro o artesanato diretamente com a comunidade, o que torna a peça ainda mais especial. O artesanato Wai Wai é muito rico em cores e iconografias, e delicadamente produzido pelas mãos talentosas desse povo. Os macuxis com suas peculiares e autênticas panelas de barro e lindos trabalhos tramados em fibras, artesanato que hoje mais sofre com a influência da arte dos brancos pela proximidade das comunidades com a cidade e de terem sidos os mais prejudicados com a colonização do estado de Roraima a tempos atrás.
Os yanomami, em especial tem sido de grande inspiração e fonte de conhecimento, foi com muita honra que conheci o líder e xamã Yanomami Davi Kopenawa que gentilmente aceitou minha humilde homenagem prestada à sua cultura na exposição “Pra sempre Amazônia” que aconteceu em julho desse ano na cidade de Boa Vista e foram especialmente convidados a apresentar seu artesanato, música e dança e a nomear os 23 quadros que produzi na língua Yanomami, interpretados e traduzidos do yanomami para o português pelo professor Dario Vitorio Kopenawa Yanomami, tornando as obras ainda mais originais e autênticas. Essa conexão entre Arte, Antropologia e Linguagem, resultou em um amplo trabalho onde pude retratar um pouco da magia da cultura indígena do extremo norte da Amazônia tão pouco conhecida. È também muito importante construir uma relação de respeito com as diversidades culturais indígenas e suas peculiaridades, para que a troca seja justa e duradoura e que possa construir um trabalho que retrate a verdadeira essência de cada etnia indígena. Isso é um pouco da percepção que tenho da arte indígena, devidamente autorizada pela etnia pesquisada e com total acesso ao trabalho artístico produzido pelo artista sobre sua cultura. Roraima é lar de vários povos indígenas que possuem culturas distintas, dentre eles estão os Yanomami com diferentes subgrupos linguísticos (Yanomae,yanomama,Yanomamo, Ninan, Sanöma, Ywari ) .
Assim como os de tronco Karib: Yekuana( Maiongong), Taurepang(Pemon), Macuxi, Monoiko, Patamona, Ingaricó, Wai Wai, Waimiri Atroari, além de outros grupos que são pouco conhecidos ou quase extintos como os Jarikuna e os Sapara. Ainda existem outros grupos que são isolados como os Hixkanana e os Farakaiuna. Um riquíssimo legado cultural, artístico, histórico e antropológico da Amazônia.
Como foi a concepção da exposição no Memorial dos Povos Indígenas?
Durante uma visita ao Memorial fiquei feliz com a coincidência de que o renomado arquiteto Niemayer ter usado como referência e inspiração a “oca Yanomami” na concepção de sua obra. Percebi então que seria uma boa oportunidade para trazer a exposição “Pra Sempre Amazônia” para o Memorial.
Então entramos em contato com a direção mandando uma carta apresentando a proposta da exposição que foi recebida com muito carinho pelo Memorial. É de extrema importância para a cultura indígena brasileira que artistas de várias áreas possam ajudar no fortalecimento dessa causa tão importante para todos.
E o convite então se estendeu a Davi Kopenawa que compareceu a abertura da exposição, representando seu povo, assim como o artesão macuxi Terêncio Raposo que expôs sua produção artesanal de panelas de barro ancestrais que realiza junto á sua esposa Lidia Raposo.
Também contou com as participações do fotógrafo Jorge Macedo (ensaio fotográfico Yanomami), a fotógrafa Andrezza Mariot (ensaio fotográfico sobre a produção das panelas de barro macuxi e documentário sobre o mesmo), o escultor Jamaika e o eco designer Irmânio Magalhães, todos com trabalhos realizados sobre a ampla cultura indígena roraimense.
E sobre a fusão de suas telas com objetos indígenas?
Texturas, matéria-prima, cores, formas do artesanato junto a símbolos ancestrais da Iconografia encontrada nos artefatos indígenas, são indispensáveis em meu processo de criação que muitas vezes não passa de uma releitura da arte já existente, nada mais é do que a pura realidade indígena. A interação com a floresta, o xamanismo, tudo isso influencia minha criação, tentando captar e transcrever um pouco da magia da cultura indígena através das artes plásticas.
Nesse trabalho em especial, explorei a visão xamânica e simbólica da iconografia, junto à consciência do homem branco em relação à cultura dos povos da floresta, os animais e a natureza. Para nos lembrar que estamos conectados e todos somos responsáveis pelo bem estar do planeta.
E sobre os outros artistas que você reuniu nessa exposição?
Achei interessante reunir artesões indígenas e outros artistas que tivessem algum trabalho realizado sobre o assunto. Documentário, fotografia, escultura e artesanato indígena complementaram a mostra junto a presença do líder Davi Kopenawa que nos prestigiou com sua energia, representando o povo Yanomami e conhecendo o Memorial. Fiquei muito feliz com o resultado do trabalho.
Houve alguma outra percepção a respeito de seu trabalho e do espaço moderno que constitui o Memorial?
O espaço é fantástico e fomos muito bem recebidos pelo diretor do Memorial Marcos Terena. È muito importante para as sociedades indígenas e não-indígenas que tenham acesso a arte indígena brasileira e todo seu contexto. O Memorial dos Povos Indígenas possui um espaço adequado e mantém um acervo do artesanato indígena de várias partes do Brasil que é muito importante para a preservação da cultura, costumes e historia dos povos da floresta. Espero que o acervo continue crescendo e que o memorial possa continuar promovendo eventos que exponham diferentes visões sobre o assunto. Para que todos possam apreciar as belezas infinitas que os povos da floresta possuem e aprender com eles a fazer do mundo um lugar mais feliz. Acredito que a arte é um instrumento importante e de muita ajuda nesse processo. Parabéns ao Memorial e a toda sua equipe.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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